Exclusão digital e exclusão social
Pierre Lévy, filósofo
francês, pensador da área de tecnologia e sociedade, afirmou que: “toda nova
tecnologia cria seus excluídos”. Com essa afirmação não está atacando a
tecnologia, mas quer lembrar que, por exemplo, antes dos telefones não existiam
pessoas sem telefone, do mesmo modo que antes de se inventar a escrita não existiam
analfabetos.
As transformações pelas
quais passou o capitalismo, nas últimas décadas do século XX, foram,
caracterizadas de variadas formas por autores vinculados ao pensamento
hegemônico mas, em todas essas conceitualizações, estão presentes as ideias de
que estaríamos vivendo (notadamente na segunda metade da década de 1990) uma
era de prosperidade
baseada em notáveis ganhos de
produtividade, em expansão das novas tecnologias para todos os países do mundo e,
de uma globalização
que estaria fazendo confluírem
todas as economias nacionais
a padrões semelhantes
de política econômica –
notadamente, políticas de privatização e de abertura comercial e financeira,
que seriam, então, a chave para o progresso material e social. Algumas interpretações sobre as
recentes transformações promovidas pelas novas
Tecnologias da Informação
e da Comunicação (TIC), base da
expansão recente da economia americana,
destacam que as mesmas seriam responsáveis por uma
contínua aproximação entre os povos e entre as Nações, constituindo elemento
integrador, tanto em termos sociais, quanto em termos
econômicos e culturais.
Nesse contexto a exclusão digital pode ser
vista por diferentes ângulos, tanto pelo fato de não ter um computador, ou por
não saber utilizá-lo (saber ler) ou ainda por falta de um conhecimento mínimo
para manipular a tecnologia com a qual convive-se no dia-a-dia. De forma mais
abrangente, podem ser consideradas como excluídas digitalmente as pessoas que
têm dificuldade até mesmo em utilizar as funções do telefone celular ou ajustar
o relógio do videocassete, observando-se assim que a exclusão digital depende
das tecnologias e dos dispositivos utilizados e até mesmo pela falta de
interesse.
A situação de exclusão digital associada à crescente importância das
TICs no desenvolvimento econômico dos países torna crescente o risco de
marginalizar ainda mais grupos excluídos das práticas educativas. [...]
Nesse cenário, surge uma nova dimensão da exclusão social, que é a
incapacidade de participar da sociedade da informação, onde é necessário
não só ter acesso às novas tecnologias como desenvolver habilidades
necessárias para usá-las de forma efetiva
Assim, a exclusão social pode ser
considerada essencialmente como uma situação de falta de acesso às
oportunidades oferecidas pela sociedade aos seus membros. Dessa forma, a
exclusão social pode implicar privação, falta de recursos ou, de uma forma mais
abrangente, ausência de cidadania, se, por esta se entender a participação
plena na sociedade nos diferentes níveis em que esta se organiza e se exprime:
ambiental, cultural, econômico, político e social
Nesse sentido, um parceiro importante no
combate à exclusão digital é a educação. A educação é um processo e a inclusão
digital é um elemento essencial deste processo. Instituições de ensino, tanto
públicas como particulares, devem contribuir para o aprendizado e interação dos
cidadãos com as novas tecnologias, sendo para isso necessária a atuação
governamental e da própria sociedade. Atualmente, o termo sociedade do
conhecimento, ou da informação, vem sendo usado para designar uma nova forma de
sociedade, onde o recurso mais importante é o capital intelectual, que é cada
vez mais exigido de quem deseja conseguir um emprego.
Segundo o Comitê
Preparatório da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação da Organização das
Nações Unidas, entende-se por Sociedade Global de Informação Inclusiva aquela
onde pessoas, sem distinção, estão habilitadas livremente para criar, receber,
compartilhar e utilizar informação e conhecimento para o seu desenvolvimento econômico,
social, cultural e político. Com esse novo conceito torna-se
indispensável ao profissional adquirir a capacidade de continuar aprendendo
sozinho e de manter-se sempre atualizado. Porém, o surgimento de novas teorias
e de novas informações é tão intenso que é praticamente impossível para um
indivíduo ficar atualizado simplesmente pelos meios tradicionais, ou seja,
escolas, faculdades e cursos, ou ainda através da imprensa escrita, do rádio e
da televisão. Diante dessa situação, a internet desempenha um papel crucial
criando novas fontes de conhecimento, visto que disponibiliza o acesso a um
enorme volume de informações. Leitores, ouvintes e telespectadores são apenas
receptores de informação e o fluxo dela é unidirecional. Já os usuários da
Internet são participantes em potencial, que podem interagir de variadas
maneiras com o processo, ou seja, o fluxo de informações passa a ser
bidirecional. Se a Internet fica limitada a poucos privilegiados, ela tende a
aprofundar ainda mais as diferenças sociais.
Neste contexto, enfatiza-se
que a exclusão digital influencia diretamente no desenvolvimento da sociedade
da informação no Brasil, visto que priva os excluídos digitalmente de
interagirem com as informações. Medidas de inclusão digital são necessárias
para possibilitarem a esses cidadãos agregarem cada vez mais conhecimento e
desenvolverem o capital intelectual, colaborando para a evolução social,
cultural e econômica de nosso país e caminhando para extinguir a divisão entre
ricos e pobres de informação.
Para saber mais!!
Referências
ALMEIDA, Lília Bilati de et
al . O retrato da exclusão digital na sociedade brasileira. JISTEM
J.Inf.Syst. Technol. Manag. (Online), São Paulo , v. 2, n.
1, p. 55-67, 2005 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-17752005000100005&lng=en&nrm=iso>.
access on 26 Sept. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-17752005000100005.
MATTOS, Fernando Augusto
Mansor. Exclusão digital e exclusão social: elementos para uma discussão.
Transinformação, Campinas , v. 15, n. spe, p.
91-115, Dec. 2003 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-37862003000500005&lng=en&nrm=iso>.
access on 26 Sept. 2017.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-37862003000500005.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMeu filho é muito viciado em redes sociais, não larga do celular nenhum um minuto. Ficava muito preocupado por ele poder estar mantendo contato com gente que eu sequer conhecia. Mas graças ao https://brunoespiao.com.br/espiao-de-instagram que instalei no celular dele, agora consigo ver tudo o que ele faz no aparelho ou com quem conversa sem duvidas muito bom.
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